Poder
03 junho 2019 às 19h57

N.º 2 do Estado? César reage mas não desmente Mendes

Há muito que se comenta a hipótese de Carlos César querer ser na próxima legislatura a segunda figura do Estado. Marques Mendes especulou sobre o assunto - e César respondeu

João Pedro Henriques

Marques Mendes disse domingo à noite na SIC que o PS poderá estar a preparar, para a próxima legislatura, a substituição de Ferro Rodrigues por Carlos César como candidato do partido a presidente da Assembleia da República (AR) - notícia que César hoje fez questão de comentar, no Facebook, mas nunca desmentindo - pelo contrário, acabando por amplificar.

Apesar de ter escrito, nessa nota, que Mendes usa o seu espaço dominical de comentário político na SIC para publicitar "conscientemente boatos e falsidades", o atual presidente do PS e líder da respetiva bancada em nenhum momento desmente a possibilidade de vir mesmo a ser o próximo candidato do PS a presidente da AR.

"No que toca à minha participação política futura e às minhas disponibilidades, são coisas que já sabem as pessoas que devem saber...e nenhuma delas é Marques Mendes", escreveu.

"Ele [Marques Mendes], ou quem o encomendou, está muito agitado pela possibilidade de eu poder ser o próximo Presidente da Assembleia da República. Fico lisonjeado. Saberá, porém, a seu tempo, o que houver a dizer sobre isso, mas não sabe o mínimo agora para dizer o que disse sobre esse assunto", disse ainda, numa nota ilustrada com Tulius Detritus, o intriguista semeador da discórdia no livro de Astérix "A zaragata".

O problema de César é que Mendes avançou com esta hipótese mas fê-lo de forma crítica. O comentador político (e ex-líder do PSD e atual conselheiro de Estado) considerou que a eventual de substituição de Ferro Rodrigues por Carlos César será um "erro político". Por ser "uma desconsideração enorme" com o atual presidente da Assembleia; e porque, num quadro eventual de vitória do PS sem maioria, havendo necessidade de permanente diálogo no Parlamento, "Ferro Rodrigues é muito melhor solução que Carlos César."

César não gostou, claro: "Marques Mendes gosta de uma intriga. Como se diz na minha terra, gosta de "ENREDAR"...e se puder atrapalhar a vida do PS mais satisfeito fica."

Depois chama-lhe "um comerciante político" pois "no mesmo espaço comercial em que legitimamente dá as suas opiniões" também "publicita conscientemente boatos e falsidades, e, com a maior das facilidades, vai dizendo uma coisa e o seu contrário ao longo do tempo".

César sublinhou o seu percurso e a forma como o fez: "Tenho cerca de 40 anos de exercício de cargos públicos. Ao contrário do que sugere Marques Mendes, o meu currículo na política não é o resultado de escrutínios nos aparelhos partidários, mas, para além do meu empenhamento cívico, o resultado de sucessivas e muito expressivas votações dos meus concidadãos eleitores, particularmente desde 1996, sem trocas de favores nem apoios ancorados na comunicação social".

Recorda inclusivamente que, nas eleições legislativas de 2015, o PS perdeu a nível nacional mas ganhou no círculo que encabeçou, o dos Açores (de onde é originário e onde foi presidente do Governo regional de 1996 a 2012).

Ou, dito de outra forma: "Não é Marques Mendes que avalia os meus méritos ou a falta deles, sejam eles de que natureza forem."