Poder
24 maio 2019 às 22h50

Europeias 2019. Partidos acabaram a campanha a testar forças nas ruas

O último dia de campanha terminou com o PS em Lisboa, o PSD no Porto, a CDU no Seixal, o BE em Coimbra e o CDS em Stª Maria da Feira. Agora é esperar pelos votos.

João Pedro Henriques

A campanha terminou com uma imagem daquelas que vale por mil palavras: António Costa, debaixo do arco da Rua Augusta, em Lisboa, levantando em ombros, com outro camarada do partido, o cabeça de lista do PS às eleições europeias, Pedro Marques, Nenhuma imagem sintetizaria melhor uma das principais marcas da campanha do PS: Costa passou o tempo todo a levar ao colo o candidato, Pedro Marques, com problemas de afirmação política e pouco conhecido pelos eleitores.

De resto, o habitual: apelos ao voto, ataques aos adversários, manifestações de mobilização das hostes em grandes arruadas e/ou jantares comício. Socialistas e comunistas percorreram com minutos de intervalo o Chiado, em Lisboa; no Porto, PSD, CDS e Bloco de Esquerda andaram, em momentos diferentes e sem se cruzarem, pela rua de Santa Catarina.

A campanha que primeiro acabou foi na verdade a do PSD, Num comício na praça da Batalha, no Porto, realizado depois de uma arruada em Santa Catarina, Paulo Rangel, o cabeça de lista, pediu para o PS "um cartão amarelo, senão vermelho". Dito de outra forma: o que está em causa, para os sociais-democratas, é a governação do país, mais do que escolher entre visões diferentes sobre a Europa.

Rui Rio também não falou muito de Europa, preferindo igualmente atacar o PS: "Não é um partido fiável, namora com qualquer um, mas só casa por interesse, porque por amor só mesmo o poder".

O PSD disse que o que está em causa é a governação e o PS parece...concordar. Depois do habitual almoço na "Trindade" (uma tradição do PS no último dia de cada campanha nacional) e da tradicional descida do Chiado, os socialistas finalizaram a campanha em frente ao órgão de poder de onde António Costa saiu para ser primeiro-ministro: a Câmara Municipal de Lisboa.

Foi aí que o presidente da federação de Lisboa do PS, Duarte Cordeiro, disse que um voto no partido "dá força ao nosso Governo, dá força às nossas políticas, dá força ao nosso secretário-geral e primeiro-ministro, António Costa".

No mesmo comício, o próprio António Costa diria algo parecido: "Só com o PS é possível manter este equilíbrio com determinação, só com o PS é possível manter esta governação no rumo certo, só com o PS não andaremos a governar à bolina, mas de acordo com o programa que apresentámos aos portugueses", sustentou.

Antes, ao almoço, na cervejaria Trindade, Ferro Rodrigues tinha dito outra coisa, pedindo não só uma grande votação no PS como no total das esquerdas: "É fundamental que haja um grande resultado da esquerda em geral e do PS em particular", afirmou. Ferro fez ainda questão de desdramatizar as divergências dentro da 'geringonça' que as eleições europeias expuseram.

"Não é preciso fazer um desenho para explicar que o atual sistema de alianças a nível nacional não é reproduzível ao nível europeu. Tanto é que no acordo entre PS com o Bloco de Esquerda, PCP e PEV não constam as matérias europeias. Eles vão evoluindo alguns a pouco e pouco, mas há que distinguir essas duas lógicas de compromisso."

Pedro Marques, o cabeça de lista, foi menos simpático para os parceiros da 'geringonça'. "Não é tempo de aventureirismos irresponsáveis de um pé dentro e um pé fora da Europa, como bem se está a ver com o 'Brexit' nos últimos tempos", afirmou.

No CDS, a nota mais saliente surgiu pela voz de Assunção Cristas. Depois de Nuno Melo, o cabeça de lista, ter dito que o objetivo do CDS era ficar à frente do BE e da CDU, a líder centrista moderou expetativas dizendo que afinal o objetivo é eleger dois deputados - atualmente só tem um - e "a partir daí tudo o que vier é ganho".

"O objetivo do CDS é, no mínimo, duplicar a nossa representação no Parlamento Europeu, foi o objetivo desde sempre", afirmou Assunção Cristas, durante uma arruada, no Porto. Ou seja: para o CDS já não é prioritário fica à frente de bloquistas e comunistas.

A CDU terminou a campanha em grandes correrias. Depois da arruada no Chiadom, um jantar em Loures. E a seguir o cabeça de lista, João Ferreira, "voou" para o derradeiro comício da campanha comunista, no Seixal.

Em Loures, uma aparição surpresa, a do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira: "[O meu voto] É de esquerda de certeza. Só lhe posso dizer uma coisa, sou bairrista, sou de um bairro popular, portanto, tire as ilações o que quiser", disse à Lusa, sem mais detalhes.

O dia da CDU começou com uma passeata pelas ruas do Barreiro. Jerónimo de Sousa aproveitou então para, falando com jornalistas, se manifestar "bastante orgulhoso" com a campanha das europeias, liderada por João Ferreira

"Creio que foi uma campanha excecional em termos de esclarecimento, posicionamento, de quem sabe lidar com aquilo que está em causa. O João deu o seu melhor para que a CDU se reforçasse. Uma campanha de 20 valores do nosso cabeça de lista", afirmou o líder comunista.

No Porto, depois da arruada, a líder do BE, Catarina Martins, faria apelos à mobilização tentando contornar os efeitos potencialmente negativos de sondagens que dão o Bloco a crescer: "As sondagens não contam. Há sondagens mais simpáticas, há sondagens menos simpáticas, mas que ninguém fique a olhar para as sondagens a achar que já há resultados. É quem vai votar no domingo que conta."