07 fevereiro 2018 às 21h21

Sampaio da Nóvoa será único "embaixador político" português

Ministro dos Negócios Estrangeiros lembrou que "a quem compete propor ao governo as personalidades para chefiar missões" diplomáticas é o Governo

Lusa

O chefe da diplomacia portuguesa sublinhou hoje que quem escolhe os embaixadores é o Governo e "não uma classe profissional" e indicou que Sampaio da Nóvoa, nomeado para representar Portugal na UNESCO, será o único "embaixador político".

"A nomeação de embaixadores que não são diplomatas, na tradição portuguesa, que é uma boa tradição, é absolutamente excecional. Com a sua nomeação, o professor Sampaio da Nóvoa será o único chefe de missão que não é diplomata", afirmou hoje aos jornalistas Augusto Santos Silva, questionado sobre as críticas da Associação Sindical dos Diplomatas Portugueses à escolha do professor universitário para chefiar a representação permanente de Portugal junto da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

O ministro dos Negócios Estrangeiros referiu também que "a tradição portuguesa é também reservar ou apenas indicar os chamados embaixadores políticos para organizações multilaterais como o Conselho da Europa, OCDE ou a UNESCO" e, "quando o têm feito vários governos, os resultados têm sido positivos".

Sobre as críticas dos diplomatas portugueses, que pediram ao Governo que reconsidere esta nomeação, Santos Silva disse que "a opinião é livre".

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"Quanto à autoridade para o fazer, lamento, mas a quem compete propor ao governo as personalidades para chefiar missões é a mim próprio e o Governo depois propõe ao Presidente da República. É o Estado que escolhe os seus representantes, não é uma classe profissional", sublinhou.

O governante recusou também a ideia de que esta contestação possa prejudicar o desempenho de Sampaio da Nóvoa naquele cargo.

Por um lado, o futuro representante permanente de Portugal na UNESCO irá chefiar "uma equipa de diplomatas e técnicos" e porque os embaixadores recebem "instruções" do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

"Um embaixador ou embaixadora responde é perante o Governo, não responde perante os seus pares", destacou.

Santos Silva reiterou as razões pelas quais convidou Sampaio da Nóvoa para este posto diplomático, que será reaberto porque Portugal foi eleito para o conselho executivo da UNESCO.

O posto tinha sido fechado pelo anterior executivo (PSD/CDS-PP) e a representação portuguesa era assegurada pelo embaixador português em Paris.

"É uma autoridade internacionalmente reconhecida numa área chave da UNESCO, que é a educação e a ciência; tem experiência de gestão, de empenhamento cívico, de participação política que o recomendam para este cargo, designadamente como reitor da Universidade de Lisboa, e porque ele próprio conhece pessoalmente o trabalho da UNESCO, porque tem trabalhado como perito em diversas ocasiões", disse.

"Não podíamos fazer melhor escolha", salientou.