16 janeiro 2017 às 09h47

Armando Vara acusa Campos e Cunha de mentir no parlamento

Ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos diz que antigo ministro das Finanças queria fazer mudanças no banco

DN

"Lembro-me muito bem do almoço. Ele não disse a verdade no parlamento", garante Armando Vara à edição de hoje do jornal i. O antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos reage às declarações do ex-ministro das Finanças Campos e Cunha, que afirmou na Comissão de inquérito àquele banco que foi pressionado pelo então primeiro-ministro José Sócrates para demitir a administração.

"A relação com a CGD não teve um período de maturidade suficiente, porque estive apenas quatro meses no Governo. Desde o início, como ministro das Finanças, fui pressionado pelo primeiro-ministro [José Sócrates] para demitir o presidente da CGD e a administração da CGD", afirmou Campos e Cunha, que não acatou essas orientações.

"Por princípio, acho que deve ser dado tempo para as pessoas trabalharem e concluírem os seus mandatos", explicou Campos e Cunha, durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito à gestão da CGD, dando como exemplo o facto de não ter demitido nenhum diretor geral durante a sua curta passagem pelo executivo socialista, em 2005.

José Sócrates já acusara Campos e Cunha de mentir. "Hoje sinto que tenho o dever de o desmentir: as suas declarações a propósito da Caixa Geral de Depósitos são falsas e sem nenhuma correspondência com a verdade", assinalou o antigo governante.

Armando Vara vem agora também acusar Campos e Cunha de mentir. O ex-administrador da CGD diz que ficou com a ideia que o almoço que teve com o ex-ministro de Sócrates no CCB foi uma espécie de sondagem. "É óbvio que a razão pela qual me chamou era porque estava a pensar mexer na Caixa Geral de Depósitos", disse ao i.

"A certa altura falou-se da Caixa, ele perguntou-me como estavam as coisas no banco, disse que gostava de ouvir a minha opinião, porque estava a penar mudar a governance e criar uma holding, uma coisa assim do género", indicou Vara, explicando que ficou de enviar algumas ideia ao então ministro das Finanças.

Só que, segundo conta, entretanto campos e Cunha saiu do governo, tendo sido substituído por Teixeira dos Santos, não chegou a enviar essas ideias.

Armando Vara chegou à administração da Caixa Geral de Depósitos já com Teixeira dos Santos como ministro das Finanças.