Dinheiro
14 setembro 2021 às 05h51

30% dos que vivem nas cidades admitem mudar-se para o campo

A pandemia criou junto dos portugueses uma maior apetência por uma vida mais calma e em contacto com a natureza, mas são as grandes cidades do país que continuam a distinguir-se na captação de investimento e criação de emprego.

Dinheiro Vivo

A história retrata contínuos movimentos de êxodo rural, com milhares de portugueses a fugirem do campo para as cidades à procura de melhores condições de vida, mas a pandemia da covid-19 parece que veio contrariar essa demanda. Quase 30% da população que vive em meios urbanos admite mudar-se para o campo à procura de maior tranquilidade, melhor qualidade de vida e contacto permanente com a natureza. Esta conclusão deriva do estudo "O impacto da pandemia nas marcas territoriais", da Bloom Consulting, que este ano acompanha a edição anual do Portugal City Brand Ranking.

É na faixa etária dos 35-44 anos e entre os habitantes de Lisboa, Braga, Évora e Coimbra que este apelo do mundo rural se mostra mais forte, com 41% dos inquiridos a afirmar que gostariam de trocar a cidade pelo ambiente do campo. Os mais reticentes a estas mudanças são os jovens entre os 18 e 24 anos e os cidadãos que vivem nos distritos de Viana do Castelo, Ponta Delgada, Beja e Castelo Branco, embora neste universo etário haja 19% dos inquiridos a olhar para o ambiente campestre com agrado.

No entanto, a edição de 2021 do Bloom Consulting Portugal City Brand Ranking revela que as duas grandes cidades do país, Lisboa e Porto, continuam a ser os melhores municípios para viver, investir e visitar. O relatório, que é publicado anualmente - a exceção foi 2020 devido à pandemia -, assenta na análise estatística do desempenho socioeconómico dos 308 municípios portugueses nas áreas de negócios (investimento), visitar (turismo) e viver (talento), na medição das pesquisas realizadas nos principais motores de busca mundiais e no desempenho online das páginas das autarquias e respetivas redes sociais.

Intocáveis

O Top 25 é liderado por Lisboa, Porto, Cascais, Braga e Coimbra, concelhos que mantêm as suas posições intocáveis no que se relaciona com a capacidade de atrair talento, negócios e turismo. A capital mantém o domínio em todas as dimensões do estudo, registando "uma performance exemplar em todas as variáveis estatísticas e digitais", sublinha a consultora. Aliás, o aumento progressivo do volume de pesquisas, colocou Lisboa como uma das cidades europeias mais procuradas por investidores, turistas e profissionais nacionais e estrangeiros.

Apesar da supremacia e intocabilidade dos cinco municípios citados, o ranking deste ano apresenta algumas variações. As grandes novidades são as subidas de Vila Nova de Gaia à sexta posição, escalando quatro posições, e Aveiro que ascende ao Top 10, subindo três lugares. Em sentido contrário e na lista dos dez municípios nacionais mais importantes nos três indicadores económicos, o relatório aponta a perda de relevância do Funchal, que desceu três posições, caindo para o 10 posto, apesar de ocupar a melhor posição de sempre na dimensão negócios (10ª), e Sintra e Faro, que descem uma posição face à subida de Vila Nova de Gaia. Os concelhos de Leiria e Viseu subiram ao Top 15 e Viana do Castelo e Vila do Conde estrearam-se no ranking global.

Numa análise mais fina, a consultora destaca que no indicador negócios Cascais regressou à terceira posição do ranking, completando o pódio encabeçado por Lisboa e Porto. Vila Nova de Gaia estreou-se entre as cinco melhores performances nesta categoria, destronando Braga que pela primeira vez sai do Top 5 e cai para a 6ª posição. Coimbra fecha esta lista restrita, mantendo o 5º lugar. No que toca à componente visitar (turismo) é incontornável o efeito da crise pandémica, que impactou uma variada troca de posições. Logo no Top 5 registou-se a entrada do Funchal, Cascais e Portimão, logo a seguir a Lisboa e Porto. E alargando-se a observação até às 10 marcas territoriais mais fortes na componente turismo verifica-se uma subida impressionante de Braga, que escalou quatro lugares para ocupar o 6º, e de Vila Nova de Gaia, que fica a fechar esta lista depois de escalar 10 posições.

Na dimensão viver, Lisboa, Porto, Coimbra e Braga têm agora a companhia de Viseu no Top 5, depois do município da região centro subir sete lugares e a posicionar-se entre as melhores marcas portuguesas para a atração de estudantes, trabalhadores e talento, sustentando a tendência de subida nesta categoria já verificada na edição anterior do estudo.