Desportos
29 junho 2019 às 12h51

"Não consegues ganhar um campeonato sem gays na tua equipa. É ciência"

Megan Rapinoe, capitã da seleção feminina de futebol dos EUA, recusa ir à Casa Branca de Donald Trump mas aceita ir ao Congresso a convite da representante democrata Alexandria Ocasio-Cortez.

DN

A seleção feminina dos Estados Unidos apurou-se esta sexta-feira para as meias-finais do Campeonato do Mundo depois de derrotar a França por 2-1 no Parque dos Príncipes em Paris. Os dois golos da vitória são da autoria de Megan Rapinoe. A capitã, de 33 anos, que joga nos Seattle Regin, marcou estes golos dois dias depois de ter confirmado que não tem a mínima intenção de ir visitar a Casa Branca se, por acaso, for convidada a fazê-lo pelo presidente Donald Trump.

"Força gays! Não consegues ganhar um campeonato sem gays na tua equipa - nunca aconteceu, nunca. É a ciência, mesmo à frente dos olhos", declarou a jogadora de futebol norte-americana, no final da partida com a França. "Sinto-me motivada por pessoas como eu, que lutam pelas mesmas coisas. Ganho mais energia com isso do que em tentar provar a alguém que está errado. Isso é sugares-te a ti próprio. Para mim, ser gay é fabuloso, durante o mês da Pride, no Campeonato do Mundo, é fantástico", prosseguiu, citada pelo site do jornal britânico Guardian.

Numa conferência de imprensa antes do jogo EUA-França, Rapione afirmou que mantinha as declarações que tinha sido filmada a fazer num vídeo divulgado esta semana pela revista Eight by Eight e gravado há vários meses. Nele, a capitã da seleção feminina afirmava que se recusava a visitar "a merda da Casa Branca". Na conferência de imprensa, esclareceu: "Eu mantenho os meus comentários sobre não ir à Casa Branca".

No seu estilo habitual, o presidente dos EUA, Donald Trump, respondeu à futebolista no Twitter: "Sou um grande fã da Seleção Americana e do futebol feminino, mas a Megan devia GANHAR primeiro antes de FALAR! Acabe o seu trabalho! Ainda não convidámos a Megan nem a sua equipa, mas agora estou a convidar a EQUIPA, quer ganhe ou perca. Megan não deve desrespeitar o país, a Casa Branca ou a bandeira, especialmente depois de tudo o que fizemos por ela e pela equipa. Tenha orgulho da bandeira que representa. Os EUA são FANTÁSTICOS!".

Questionada sobre se se sente incomodada com a forma de falar de Megan, a selecionadora dos EUA, Jilian Ellis, respondeu que não. "Não e, francamente, não sabia que ela tinha dito aquilo até aparecer na imprensa. Não me preocupo de todo, ela sabe lidar com a situação, ela tem experiência, é eloquente a falar, destaco a prestação dela hoje e considero que estas situações apenas puxam mais por ela ainda", declarou a selecionadora, ex-jogadora britânica, citada pelo Guardian.

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Natural de Redding, na Califórnia, Megan Rapinoe sempre foi uma rebelde e chegou a passar por centros de correção juvenil. O futebol salvou-a do mundo das drogas. Passou grande parte da adolescência a jogar em equipas de futebol juvenis treinadas pelo pai. Assumidamente gay desde 2012, quando revelou uma relação amorosa em entrevista à revista Out, a média dos Seattle Regin tem aparecido na capa de várias revistas ao longo dos anos.

Mas se ela não quer ir "à merda da Casa Branca", aceita ir ao Congresso norte-americano, depois de ter sido convidada nesse sentido por Alexandria Ocasio-Cortez, democrata da Câmara dos Representantes. O convite foi feito pela representante através de um post no Twitter, ao qual Megan respondeu: "Feito!" juntamente com um emoji.

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