03 dezembro 2016 às 00h28

Animador Marítimo mostra campeão de pele e osso

Madeirenses muito combativos inauguraram estádio com uma vitória inesperada sobre o Benfica. Sporting e FC Porto podem aproveitar este sábado... e para a semana há dérbi na Luz

Bruno Pires

É preciso recuarmos a 12 de fevereiro para registarmos uma derrota do Benfica no campeonato. Passaram quase de meses. Entretanto, o clube da Luz sagrou-se tricampeão nacional e nesta época lidera a Liga com mérito. Muito desse mérito vem da forma como a equipa orientada por Rui Vitória atropela, autenticamente, as equipas hierarquicamente abaixo dos rivais FC Porto e Sporting. Mais uma vez, mérito para os encarnados, que dão tanto valor aos três pontos de um clássico como dos restantes compromissos.

Mas é aqui que entra Daniel Ramos, o treinador do Marítimo, que há duas semanas saiu da Luz vergado a uma goleada por seis golos. O treinador insular percebeu o que tinha de fazer para diminuir as possibilidades de êxito do Benfica. Primeiro a colocação do turco Erdem Sen, um jogador sereno e que sabe tratar bem a bola. E depois houve um pormenor elucidativo: vimos o técnico zangar-se por a sua equipa querer sair a jogar. Nada disso. Bola para a frente, porque construindo jogo bastava uma recuperação de bola para o Benfica meter a quinta mudança, dinamizar o ataque com trocas sucessivas e marcar. É essa a armadilha que o campeão sabe tão bem usar e em que o Marítimo desta vez não caiu...

O jogo do novo Estádio dos Barreiros foi frenético. Percebeu-se que o Benfica não estava à espera da atitude destemida, plena de garra e da pressão sobre o portador da bola. Não é isso que costuma acontecer. E depois há aquela coisa chamada sorte. Sorte no 1-0 de Gazharyan, com Luisão a escorregar e a bola a tabelar em Nélson Semedo antes de entrar na baliza de Ederson. Antes do mesmo Nélson Semedo fazer um remate que apanhou, acidentalmente e com sorte, o calcanhar de Gonçalo Guedes, que proporcionaria o empate, o Marítimo teve duas hipóteses flagrantes para fazer o 2-0 na mesma jogada. Éber Bessa, isolado, fez Ederson brilhar, mas a bola foi parar aos pés de Ghazaryan, que rematou colocado, com Ederson, que ainda não havia perdido para o campeonato com a camisola do Benfica, a revelar outra vez porque é guarda-redes de clube grande.

A primeira parte foi agitada e dividida - uma novidade para o Benfica em jogos internos - com oportunidades numa e noutra baliza. Mas depois do empate praticamente só deu Benfica. Salvio à barra, Gottardi a fazer a defesa do campeonato, até ao momento, a cabeceamento de Rafa e o Marítimo (sem pernas?) remetido ao seu meio-campo - aqui nada de novo -, mas sem esticar o seu jogo.

Aos 69 minutos, num dos poucos lances em que o Marítimo ameaçou o Benfica na segunda parte, os encarnados voltaram a revelar fraquezas nas bolas paradas. Maurício atirou a contar ao segundo poste, mas subsiste a dúvida se Ederson foi impedido de atacar a bola. Até ao final, o Benfica tentou, cercou o adversário, mas o melhor que conseguiu foi um cabeceamento ao lado de Jiménez.

A uma semana do dérbi entre Benfica e Sporting (que pode sair da Luz na liderança), o Marítimo mostrou que o campeão, afinal, é feito de pele e osso. Um sinal que vem na pior altura para os encarnados, pois Nápoles para a Liga dos Campeões e Sporting para a I Liga serão duros testes.