Desporto
13 setembro 2021 às 05h00

Recorde à vista. Ronaldo prepara-se para subir ao topo da Champions

Num mês, CR7 tornou-se maior marcador de seleções, bisou no jogo de regresso ao Man. United e vai igualar Casillas como jogador com mais jogos na prova milionária.

Carlos Nogueira, com Lusa

"Esperava marcar um golo, não dois. Na véspera, à noite, só pensava em conseguir fazer uma boa exibição e mostrar que ainda era capaz de ajudar este clube." Foi assim que Cristiano Ronaldo falou, à BBC, sobre a estreia de sonho, de sábado, na segunda passagem pelo Manchester United, garantindo que irá "dar tudo para deixar todos orgulhosos".

E orgulho será a palavra que irá, por certo, sentir quando amanhã, em Genebra, na Suíça, entrar em campo para defrontar o Young Boys para a 1.ª jornada do grupo F da Liga dos Campeões. Será a 19.º época consecutiva a jogar na maior competição de clubes mundo, num total de 176 jogos. Só que o orgulho tem outra razão: vai igualar o guarda-redes espanhol Iker Casillas (Real Madrid e FC Porto) como jogador com mais partidas disputadas na Champions. Mais um recorde a juntar ao de futebolista com mais golos marcados nesta competição, somando 134, mais 14 que o argentino Lionel Messi, que este ano trocou o Barcelona pelo PSG.

Será, por certo, mais um momento intenso num mês de setembro que está a ser inesquecível para o jogador de 36 anos. Isto porque, já depois de oficializado o regresso a Manchester, Ronaldo tornou-se no maior goleador da história das seleções (111 golos) ao bisar na dramática vitória perante a Rep. Irlanda, no Algarve, alcançada nos minutos finais. O cartão amarelo que viu nos festejos do segundo golo impediu-o de defrontar o Azerbaijão e rumou a Inglaterra para se preparar para o jogo de estreia com o Manchester United, frente ao Newcastle. "Quando o jogo começou estava tão nervoso. Não esperava que cantassem o meu nome durante toda a partida, foi incrível, um momento que não vou esquecer", referiu após o jogo da 5.ª jornada da Premier League.

E para culminar um mês de sonho será agora a vez de apanhar o seu ex-companheiro do Real Madrid, Casillas, como jogador com mais jogos na Champions. Se for utilizado serão 177 partidas, além de quatro nas pré-eliminatórias que não entram na contabilidade oficial da UEFA. O internacional português disputou 101 jogos pelo Real Madrid, 52 pelo Manchester United e, nas últimas três épocas, 23 pela Juventus, equipa na qual ingressou em 2018-19, após nove temporadas consecutivas em Espanha.

Desde que a Taça dos Campeões Europeus passou a Champions, em 1992-93, Ronaldo já é o jogador com mais títulos (cinco, mais um do que um lote de 16 jogadores).

Se tivermos em conta toda a história da principal prova europeia de clubes, nascida 1955-56, Cristiano Ronaldo tem em mira o mais apetecível dos registos: os seis títulos conquistados pelo mítico avançado espanhol Francisco Gento, que ganhou as primeiras cinco edições (de 1955-56 a 1959-60) e ainda em 1965-66, sempre ao serviço do Real Madrid. Foi precisamente ao serviço dos merengues que CR7 conquistou por quatro vezes o título europeu em 2013-14, 2015-16, 2016-17 e 2017-18, embora a primeira tenha sido erguida precisamente ao serviço do Manchester United (2007-08), clube pelo qual vai tentar igualar o feito de Gento.

Cristiano Ronaldo é também o jogador que mais vezes acabou a época como melhor marcador, num total de sete (2007-08 e de 2012-13 a 2017-18), sendo que em 2014-15 ficou empatado com Neymar e de Messi. O argentino foi por seis vezes coroado goleador da Champions, cinco delas isolado: de 2008-09 a 2011-12 e em 2018-19.

Mas golos é com CR7, que detém também o recorde de remates certeiros numa única época, quando em 2013-14 marcou 17. Contudo, é também detentor da segunda melhor marca de sempre, com 16 golos de 2015-16. Já a terceira marca do ranking, partilha-a com o polaco Robert Lewandowski, pois ambos marcaram por 15 vezes em 2017-18. Aliás, o avançado do Bayern Munique voltou a marcar 15 golos em 2019-20.

E, afinal, ainda há recordes para CR7 bater na Champions? Por incrível que pareça falta-lhe marcar cinco golos numa só partida, algo que Messi e Luiz Adriano podem orgulhar-se de ter alcançado. O argentino a 7 de março de 2012, num 7-1 ao Bayer Leverkusen, e o brasileiro a 21 de outubro de 2014 no 7-0 no Shakhtar Donetsk no reduto do BATE Borisov.

carlos.nogueira@dn.pt